Olá, meninas! Hoje a entrevista é com a modelo plus size Cléo Lima Fernandes. A goianense, que nunca imaginou seguir a carreira fashion é, hoje, uma das modelos plus size mais requisitadas do país. Apesar de já ter tentado a todo custo ficar magra quando era mais nova, Cléo confessa “não seguir padrão” e declara que a beleza está justamente na diversidade. A TOP, que participou do nosso super editorial de moda plus size Sexy and Wild, fala um pouco mais com a gente sobre sua carreira e o mercado plus size.
Vamos conferir?
Letícia Gomes: Como iniciou a carreira de Modelo Plus Size?
Cléo Lima:Eu estava em uma loja de Moda Plus Size com a minha mãe (na época chamava de moda maior) em Goiânia e vimos umas fotos de desfile na parede; aí minha mãe perguntou: “por que você não tenta?”. Mas, na época, eu não quis, eu não me achava bonita para isto. Depois de alguns meses procurando, me informando, conhecendo, eu procurei uma agência, fiz o curso de passarela e, na semana seguinte, estava fazendo meu primeiro trabalho.
L.G.: Quais as principais dificuldades que enfrentou no começo?
C.L.:As dificuldades que eu enfrentei foram de posar mesmo, de aprender a ser modelo. Como não era uma coisa que eu imaginava pra minha vida, eu morria de vergonha e ainda tinha a autoestima baixa. Então, eu achava que eu não ia conseguir, que estava pagando mico, coisas desse tipo.
L.G.: Qual foi a reação das pessoas quando você decidiu ser Modelo Plus Size?
C.L.:No meu grupo de amigos, na família, as pessoas não conheciam o segmento. Mas, desde que eu comecei a trabalhar, que eles começaram a conhecer, eu sempre tive o apoio. Meu primeiro trabalho todo mundo achou lindo, aquela coisa toda, e falaram “você tem que continuar mesmo” e, conforme foi indo, depois do miss também, todo mundo ficou sempre orgulhoso, sempre me apoiou.
L.G.: Você já tentou ingressar no mundo da chamada “moda tradicional”?
C.L.:Por mim, nunca tentei. Teve uma vez, na escola, quando eu tinha bulimia, com 30 quilos a menos do que hoje, que me convidaram para ir em uma agência. Eu até fui, mas não me interessei a ponto de dar continuidade.
L.G.: Já recebeu muitas críticas por estar acima do peso?
C.L.:Muitas, não. Às vezes o pessoal fala “Você podia emagrecer”. Quando eu era mais nova, que eu comecei a engordar, antes da bulimia, eu escutava “tem um rosto lindo, mas precisava emagrecer”. Mas nada muito direto nem muito rude.
L.G.: Como você lida com as críticas por não se encaixar nos padrões de beleza?
C.L.:Hoje em dia, as críticas por não me encaixar em um padrão de beleza nem me incomodam mais, porque eu nem tento e não quero seguir um padrão. Eu acho que o interessante é justamente a gente ser diferente, cada um ser bonito do jeito que é.
L.G.: Como você faz para manter o corpo e a saúde em dia?
C.L.:Eu como bastante, mas até tenho um certo grau de equilíbrio, rs. Acho que exagero mais na quantidade do que na qualidade do que eu como. Eu gosto de comida mais saudável, de fruta, de salada… Agora para manter o corpo anda um pouco difícil, eu não tenho tido tempo para ir na academia. Mas quando eu estou na minha cidade, que eu fico mais tempo sem trabalho, eu vou. Já a dança é o que eu mais gosto. Me apaixonei ultimamente pelo spinning, mas não tenho tido muito tempo pra ir.
L.G.: Quais as mudanças que ser modelo Plus Size trouxe para sua auto-imagem?
C.L.:Sem dúvida, é evidente como ajuda e melhora a questão da autoestima e autoimagem. Trabalhando como modelo a gente tem a necessidade de conhecer o corpo, modelando, como vai ficar na foto, se fica bom com uma roupa, com outra. Você passa a se conhecer e a se ver mais bonita, mais produzida.
L.G.: Na sua opinião, o crescimento da Moda Plus Size no Brasil, o preconceito com as gordinhas tende a diminuir?
C.L.:Não sei se o preconceito tende a diminuir por questão de aumentar o número de lojas. O que eu acho feio é quando uma mulher gorda se veste com uma roupa menor, isso gera piada, esse tipo de coisa. Então,talvez sim, porque a pessoa está se vestindo melhor. Eu acho que a tendência é melhorar, e não só por ter roupa. Estamos vendo mais pessoas gordas e, quando se torna mais comum, o preconceito tende a diminuir.
L.G.: Você acha que o este crescimento está mudando a visão das pessoas do atual padrão de beleza?
C.L.:Eu acho que o crescimento do mercado está abrindo pauta para este tipo de discussão, o por quê ter um padrão de beleza e toda essa magreza excessiva. Quando eu comecei a viajar pelo Brasil, vi que o tipo de estilo e de beleza varia de Estado para Estado.Não é tudo igual, como eu imaginava que fosse. Por causa do aumento da procura e da oferta pelas Roupas Plus Size, eu acho que um dia vai chegar a ser comum e não vai mais ter essa divisão.
L.G.: Quais as características (personalidade) que na sua opinião, não podem faltar em uma Modelo Plus Size?
C.L.:Na minha opinião, tem que saber conversar e ter desenvoltura, além de ser uma pessoa aberta ao convívio e a conhecer novas pessoas, porque, nessa carreira, a gente conhece pessoas novas todos os dias. Tem que ser flexível também, porque cada cliente é de um jeito, cada fotógrafo é de um jeito. E, principalmente, se der certo, nunca perder a humildade, saber que é mais um trabalho, que nenhuma modelo é melhor que a outra. É mais um trabalho onde você cresce e aprende, como os outros.
L.G.: Como você se sentiu ao fazer um ensaio sensual (editorial Sexy and Wild) para a Adriana?
C.L.:Nossa, eu amei fazer o ensaio com a Dri, amei mesmo, eu nem esperava que fosse ficar tão legal. Todo mundo trabalhou muito bem. A produção e ela, como fotógrafa… Eu adorei o convite desde o começo e estou muito feliz com esse trabalho.
L.G.: Qual seu conselho para quem está começando?
C.L.:O conselho que eu daria para quem está começando ou querendo começar como Modelo Plus Size é para ela procurar saber se tem perfil, se realmente gosta, porque ser bonita não basta para dar certo. Tem que estar disposta, porque é muito menos glamour do que se imagina. O resultado é lindo, mas, na hora, a gente pena um pouco. E, também, procurar se envolver com bons profissionais. Eu acredito que se a gente fizer a nossa parte, sendo correta e não passando por cima de ninguém, a tendência é se envolver com pessoas boas.
E boa sorte, rs!
Revisão: Letícia Gomes
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